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Saiba quando o suor excessivo é considerado doença

Tempo de leitura: 4 minutos

Levantar os braços para dar um abraço ou estender as mãos para um cumprimento são atitudes simples que praticamos sem pensar. Mas para quem transpira demais, essas circunstâncias causam embaraço, e podem até comprometer a vida social e profissional. Segundo os especialistas, higiene adequada, roupas leves, desodorantes de boa procedência e camisetas debaixo das roupas são estratégias que minimizam o problema, mas nem sempre são eficazes. Quando o suor é excessivo, o indicado é cirurgia.

O empresário Vicente de Luca conta que transpira muito, e seu ponto fraco são os pés. Porém, a situação mais desagradável que vivenciou teve como causa uma roupa inadequada que usou numa festa. “A temperatura ambiente era elevada, e após a primeira taça de vinho, comecei a suar nas pernas e nos glúteos. A calça era bege e feita de um tecido fino. As manchas de suor eram facilmente notadas. Olhando de longe, parecia bebida derramada. Eu não podia me movimentar, nem sentar, pois corria o risco de molhá-la ainda mais. Constrangido, resolvi ir embora”.

Já a estudante de publicidade Tânia Zaidan diz que seu drama são as famosas ‘pizzinhas’, as marcas de suor deixadas pelas axilas. “Suar demais me incomoda porque não posso usar roupas coloridas: a transpiração é logo percebida. Por isso, sou obrigada a usar preto ou branco, mas isso nem sempre funciona. Dependendo do tecido, essas cores também revelam manchas do mix desodorante/suor. No verão, a saída é usar camisetas cavadas que deixam as axilas longe da roupa. No final, fui aprendendo a conviver com o problema”.

Apesar desses inconvenientes, transpirar é fundamental para o controle da temperatura interna do organismo. “Quando ela aumenta, mecanismos cerebrais estimulam a perspiração para que a água evapore e alivie a sensação de calor”, explica o professor de Cirurgia Torácica José Ribas Milanez de Campos, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e médico do Hospital Israelita Albert Einstein. “O fenômeno é involuntário e determinado pelo sistema nervoso autônomo, o mesmo que controla os batimentos cardíacos e os ritmos da respiração”, diz.

Hiperidrose

Mas quanto suor é considerado excessivo? Coelho fala que existem escalas próprias (sudorímetros) de medição, mas elas somente são utilizadas em pesquisas científicas. “Assim, o maior observador é o próprio indivíduo. É ele que identificará as áreas mais afetadas”.

Segundo o especialista, Vicente e Tânia fazem parte dos 1% a 2,5% da população que têm sudorese excessiva, também conhecida como hiperidrose. “As partes do corpo mais afetadas são as mãos (hiperidrose palmar), os pés (hiperidrose plantar) e axilas (hiperidrose axilar), e ela ainda pode se manifestar na face e no couro cabeludo (hiperidrose crânio-facial)”.

As causas para esses excessos são desconhecidas, mas sabe-se que a quantidade da transpiração é uma característica individual ligada a condições como temperatura e umidade externas, atividade física, fatores psicológicos, genética, além do consumo de álcool, cafeína, drogas ilícitas ou medicamentos.

Gabriela Casabona, dermatologista do Hospital Samaritano de São Paulo, aponta o metabolismo acelerado como outro fator desencadeante, pois uma de suas características é o aumento da temperatura corporal. Além disso, “doenças específicas como obesidade, menopausa, alterações endócrinas ou neurológicas (disfunções do sistema nervoso), também podem ter o excesso de suor como sintoma”, completa.

Glândulas e Odores

Não bastassem os problemas estéticos e sociais, as glândulas sudoríparas envolvidas no processo (écrinas e apócrinas), podem trazer mais incômodos: a bromidrose, isto é, o odor desagradável. As primeiras, são responsáveis pelo suor fluído, em geral inodoro e de distribuição mais generalizada. As segundas surgem após a puberdade e se restringem às axilas, regiões periumbelical, anogenital, perimamilar, prepúcio e escroto, e produzem uma secreção de aspecto leitoso, sem odor ou de odor suave.

“O cheiro das regiões axilares são mais evidentes por causa da flora bacteriana local, que associa bactérias e fungos ao suor”, fala o médico Marlos de Souza Coelho, professor titular de cirurgia e chefe de cirurgia torácica e endoscopia respiratória da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. “Nós pés, há ainda a umidade, que pode ser muito incômoda e de difícil controle”.

Casabona acrescenta que esse odor característico é também o resultado da composição química do suor. “Formado por 99% de água, nele também encontramos alguns sais minerais, cloreto de sódio, e substâncias tóxicas como a ureia que, apesar da pequena quantidade, é responsável pelo cheiro desagradável”.

Esta matéria contou com a colaboração da Dra Gabriela Casabona.

Link:  http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2010/07/22/saiba-quando-o-suor-excessivo-e-considerado-doenca.htm

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